terça-feira, 28 de junho de 2011
CRONICA EMÍLIO FONTANA - 2
Mais uma maravilhosa crônica, infelizmente com algum atraso na publicação...
Gosto muito dessa crônica pois ela fala de uma coisa que me irrita muito aqui no Brasil: A filantropia obrigatória!!! Se doasse dinheiro para metade das entidades que batem a porta de casa toda semana, estaria quebrado...rsrsrsrs.
Ai vai mais uma do nosso veterinário, pensador e talentosíssimo crônista Emílio Fontana: " A NOBRE ARTE DE PENTEAR MACACOS" Espero que gostem!!!
Hoje “me entrou” uma mulher na clinica pedindo que eu me filiasse a uma determinada entidade filantrópica e colaborasse mensalmente através de um carnê. Eu estava com pressa, de saída para um haras, e disse educadamente a ela que eu pensaria a respeito e que passasse outro dia . Pra quê!!!
A mulher impediu minha passagem, armou um barraco, começou a ter um chilique, parecia que desceu um encosto dos brabo.Me pondo o dedo em riste no nariz ela disse:
-Porque o sinhor dotor Imilio,num tem coração , ( e bufava)só pensa nos bicho.Num qué ajudá as criança pobre, os menos afortunado.Porque em veis de fazer vitirinária o senhor num estudô pra médico ?Espie o dotor Rogéro ginecolobista lá da isquina; cabô de contribuí .Êta homi bão.
-(não satisfeita ela continuou) O sinhô tor Imilio,fica com essa frescura,bicho pra cá,bicho pra lá,bicho pra cima, bicho pra baixo. Óia aí !(apontando pro nosso pet shop ) ropinha pra cachorro !cobertô pra cavalo! mijadô de gato!Que disperdiço,que heresia, que bisurdo !! Tanta criança passano necessidade, passano frio,fome !
Eu respirei uma, duas, trinta vezes . Afinal, esta era a enésima vez que como veterinário eu ouvia besteiras deste tipo; e normalmente,alias, freqüentemente de gente muito mais culta e preparada que esta senhora, dona Margarida.
Vocês se lembram do bobo alegre daquele cantor ,o,o,(o cara é tão importante que até esqueci o nome dele).que compôs a musica” troque o seu cachorro por uma criança pobre “ um hit estúpido/humanístico da década de 70??Foi ele que lançou a pedra filosofal deste pensamento ecumênicobestial(quanta besteira)
Resolvi argumentar mais um pouco com a doce mulher:
- Moça, eu não sou contra a filantropia, muito menos neste caso de ajuda à criançinhas carentes,até porque se eu fosse contra, deveria estar internado num hospício apanhando de rabo de tatu na bunda todo dia.A questão é que eu...(me deu preguiça de explicar, daí peguei mais light)Lembra da fábula do beija flor que com uma gota d’água no bico ajudava a apagar o incêndio da floresta?Então. ?Cada um faz sua parte...
Mas ela, não contente e como que possuída pelo cramunhão voltou a carga :
- Mas oceis que lida com animar são hómi terríve seus isprito é ruim di num ajudá os necessitado,fica gastando dinheiro com animar,gasta um dinheirão com animar (gritou bem alto) Bisurdo !!!Bisurdo !Deus há de lhe rogá uma praga!
E com estas doces palavras Dona Margarida (uma flor de pessoa) bateu a porta na minha cara e saiu. (só pra saber... Deus roga praga?)
Boquiaberto com a cena dantesca me pus a refletir:
1)As pessoas gastam fortunas com roupas de grife,jóias,restaurantes ,automóveis ,casas,barcos ,aviões,ninguém fala que é bisurdo
2)As pessoas põe roupinha no botijão de gás da cozinha ,no filtro de água,até no rolo de papel higiênico.ninguém fala que é bisurdo( no cachorro não pode,no cavalo não pode)
As pessoas gastam seu vil metal diuturnamente em um monte de outras porcarias oferecidas pelo sedento mercado de consumo sem escrúpulos morais e ficam dando dura em quem ama os bichos. Arreda satanás!
Eu cuido de cavalos, gasto com cavalos, ando a cavalo( e no meu palio 1000 sujo de barro).Enfim...dediquei e dedico a maior parte da minha vida aos bichos,aos cavalos .
Todos temos responsabilidades políticas e sociais, sabemos disto. Porem cada um deve dar a sua contribuição da melhor forma. Da melhor forma que pode que sabe, e que quer para este planeta. Há que seja capaz de se doar de todas as formas.
Caro amigo leitor, se um dia você tiver um acesso de dona Margarida e ficar tenso, nervoso, agressivo, em crise existencial pelo fato de se identificar gostando e se dedicando mais aos seus cavalos do que ao ser humano, uma sugestão: Vá pentear macaco!
domingo, 12 de junho de 2011
Emílio Fontana da Horse no blog Mangalarga Patriota!!!
É com grande prazer e satisfação que a partir de hoje, publicaremos semanalmente crônicas do talentoso crônista da revista Horse Emílio Fontana. Boa Leitura!!!
Ricardo III
Ricardo III estava sozinho...um rei, sem ninguém a sua volta para socorre lo Clamava por um cavalo- Meu reino por um cavalo !! Meu reino por um cavalo!!Derrotado pelo duque de Richmond ali se encerrava a batalha de Bosworth.Ali se encerrava a vida de Ricardo III.
A vida de um rei, neste drama escrito por William Shakespeare no inicio do século XVII nos mostra o momento de desespero de um homem poderoso onde tudo que tem de nada lhe vale .Só um cavalo o tiraria daquela situação terrível ,onde abandonado,derrotado , de espírito acuado se encontrava.
O desespero de Ricardo nos mostra que esta merda de dinheiro, este vírus que nos contamina é imune a nossas auto defesas. Não é uma simples bactéria que qualquer antibiótico barato resolve. O vírus depende de nossas próprias defesas de nosso poder de imunidade. Mas este é mutante e não há anticorpos publicamente conhecidos que o eliminem.
Dos bens que podemos conquistar, o dinheiro é com certeza o mais fácil de ser alcançado.Ninguém ganha 1000 unidades de caráter no bingo, ninguém ganha 10 000 unidades de serenidade na loteria. Ninguém ganha sabedoria, harmonia interior, equilíbrio, numa operação financeira O vírus conhecido como “iwantmoreandmore “ a todos contamina, sem distinção de classes.
O pobre porque é pobre recebe o alvará provisório da ganância para por ele lutar indo até as ultimas conseqüências. O remediado quer ser rico e o rico sempre quer mais e mais numa busca frenética, interminável que o acaba jogando num inevitável vazio interior, num buraco de solidão. Resta, sozinho como Ricardo em Bosworth.
Por dinheiro se enfarta, se mente; se corrompe, se trai, se mata. Mas na hora” h”,na hora que a onça vem beber água, o dinheiro não nos serve de nada, não nos transporta a lugar nenhum,não nos tira a espada do pescoço.
Semana passada estive na casa de seu Tico Loco. Cinco quilômetros de terra, enfiada dentro de um canavial, mora Tico, seus dois irmãos deficientes e um burro velho que bebe garapa de cana, chamado Tchê.
Tico Loco é inexplicavelmente feliz, sempre sorrindo, sempre de bem com a vida,Assim como carrega nas costas os irmãos deficientes, carrega nos lábios um sorriso eterno. Às vezes dá uma parada na conversa... puxa o ar bem fundo... e solta devagariiinho num leve assobio.Acho que esta respirada é mágica !
Quando pego o rumo desta estrada e saio para os haras que atendo naquela direção, paro sempre na casa de Tico para tomar um café de coador feito no fogão a lenha. Tomo café e as vezes deixo um pacote de arroz ou de feijão para ajudar os irmãos surdos mudos ( não porque sou bonzinho,mas porque tenho vergonha) .
Tenho vergonha de mim mesmo por reclamar tanto da vida e portar comigo esta mascara carrancuda dos homens pseudo importantes e pseudo ocupados . Vergonha pela cara de bunda de tanto correr atrás de mais e mais, pelo vírus contaminado. Sinto vergonha do que sou. De tantas batalhas em que no quinto ato me faltou o cavalo.
A casa do Loco pra mim é um templo. Um templo onde a dificuldade não se sobrepõe a harmonia, a serenidade.
Um templo ao equilíbrio à força de caráter. Um templo ao DNA carregado de capacidade de se metamorfosear diante dos vírus resistentes.
O velho não dá gargalhadas isto é certo, mas seu rosto é iluminado e ele inexplicavelmente sorri,
Este sorriso me fascina, me intriga e me faz o reverenciar em seu altar.
Seguindo viagem, andei mais quilômetros e cheguei ao meu destino final, um haras de quarto de milha.
Tudo deserto.Estranho.Vejo um homem na varanda, é o proprietário, já de porre as 10 hs da manhã .os olhos marejados pela solidão, sentado na varanda sozinho,abandonado pela vida .
- Bom dia Dr Antonio! Vamos ver as éguas?
-Que éguas? (fala ele) vendi tudo! Vou plantar tudo em cana de açúcar. Sabe quanto estão pagando pelo alqueire? É mais negocio, fala tristemente.
-Os filhos me convenceram.
Dr Antonio, agora virou menino, chorou. Eu fiquei mudo, não disse nada, dei meia volta e fui embora.
Penso que a gente pode dar outro final ao Ricardo III que vive dentro de cada um de nós.
Antes que termine o quinto ato.
Ricardo III
Ricardo III estava sozinho...um rei, sem ninguém a sua volta para socorre lo Clamava por um cavalo- Meu reino por um cavalo !! Meu reino por um cavalo!!Derrotado pelo duque de Richmond ali se encerrava a batalha de Bosworth.Ali se encerrava a vida de Ricardo III.
A vida de um rei, neste drama escrito por William Shakespeare no inicio do século XVII nos mostra o momento de desespero de um homem poderoso onde tudo que tem de nada lhe vale .Só um cavalo o tiraria daquela situação terrível ,onde abandonado,derrotado , de espírito acuado se encontrava.
O desespero de Ricardo nos mostra que esta merda de dinheiro, este vírus que nos contamina é imune a nossas auto defesas. Não é uma simples bactéria que qualquer antibiótico barato resolve. O vírus depende de nossas próprias defesas de nosso poder de imunidade. Mas este é mutante e não há anticorpos publicamente conhecidos que o eliminem.
Dos bens que podemos conquistar, o dinheiro é com certeza o mais fácil de ser alcançado.Ninguém ganha 1000 unidades de caráter no bingo, ninguém ganha 10 000 unidades de serenidade na loteria. Ninguém ganha sabedoria, harmonia interior, equilíbrio, numa operação financeira O vírus conhecido como “iwantmoreandmore “ a todos contamina, sem distinção de classes.
O pobre porque é pobre recebe o alvará provisório da ganância para por ele lutar indo até as ultimas conseqüências. O remediado quer ser rico e o rico sempre quer mais e mais numa busca frenética, interminável que o acaba jogando num inevitável vazio interior, num buraco de solidão. Resta, sozinho como Ricardo em Bosworth.
Por dinheiro se enfarta, se mente; se corrompe, se trai, se mata. Mas na hora” h”,na hora que a onça vem beber água, o dinheiro não nos serve de nada, não nos transporta a lugar nenhum,não nos tira a espada do pescoço.
Semana passada estive na casa de seu Tico Loco. Cinco quilômetros de terra, enfiada dentro de um canavial, mora Tico, seus dois irmãos deficientes e um burro velho que bebe garapa de cana, chamado Tchê.
Tico Loco é inexplicavelmente feliz, sempre sorrindo, sempre de bem com a vida,Assim como carrega nas costas os irmãos deficientes, carrega nos lábios um sorriso eterno. Às vezes dá uma parada na conversa... puxa o ar bem fundo... e solta devagariiinho num leve assobio.Acho que esta respirada é mágica !
Quando pego o rumo desta estrada e saio para os haras que atendo naquela direção, paro sempre na casa de Tico para tomar um café de coador feito no fogão a lenha. Tomo café e as vezes deixo um pacote de arroz ou de feijão para ajudar os irmãos surdos mudos ( não porque sou bonzinho,mas porque tenho vergonha) .
Tenho vergonha de mim mesmo por reclamar tanto da vida e portar comigo esta mascara carrancuda dos homens pseudo importantes e pseudo ocupados . Vergonha pela cara de bunda de tanto correr atrás de mais e mais, pelo vírus contaminado. Sinto vergonha do que sou. De tantas batalhas em que no quinto ato me faltou o cavalo.
A casa do Loco pra mim é um templo. Um templo onde a dificuldade não se sobrepõe a harmonia, a serenidade.
Um templo ao equilíbrio à força de caráter. Um templo ao DNA carregado de capacidade de se metamorfosear diante dos vírus resistentes.
O velho não dá gargalhadas isto é certo, mas seu rosto é iluminado e ele inexplicavelmente sorri,
Este sorriso me fascina, me intriga e me faz o reverenciar em seu altar.
Seguindo viagem, andei mais quilômetros e cheguei ao meu destino final, um haras de quarto de milha.
Tudo deserto.Estranho.Vejo um homem na varanda, é o proprietário, já de porre as 10 hs da manhã .os olhos marejados pela solidão, sentado na varanda sozinho,abandonado pela vida .
- Bom dia Dr Antonio! Vamos ver as éguas?
-Que éguas? (fala ele) vendi tudo! Vou plantar tudo em cana de açúcar. Sabe quanto estão pagando pelo alqueire? É mais negocio, fala tristemente.
-Os filhos me convenceram.
Dr Antonio, agora virou menino, chorou. Eu fiquei mudo, não disse nada, dei meia volta e fui embora.
Penso que a gente pode dar outro final ao Ricardo III que vive dentro de cada um de nós.
Antes que termine o quinto ato.
sábado, 11 de junho de 2011
Mais Novo Integrante do Haras!!! Xadrez do Patriota
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Revista - HORSE WORD BRASIL
Grande parceria com a Mangalarga e mais um espaço conquistado pela nossa raça.
Na edição de abril temos uma ampla cobertura sobre a copa de andamento de Jundiaí e vários outros eventos da raça Mangalarga.
Vale a pena conferir!!!
http://www.horseworldbrasil.com.br
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