sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Melhoramento Genético e Ferramentas de Seleção - Continuação

PENSAMENTO - PEDIGREE E SELEÇÃO FENOTÍPICA ORIGINAIS DA RAÇA

Agora, vou tratar de outro aspecto do melhoramento genético. A seleção.
Como citado no primeiro artigo deste blog sobre o tema, disse o grande João Francisco Diniz Junqueira: “O Melhoramento de qualquer raça deve ser pela seleção..." As implicações desta frase pareçem obvias, mas não é tão simples assim.
O objetivo de uma criação deve ser sempre a busca de um modelo ideal, a incansável meta de se atingir um padrão desejável. De nada adianta ficar misturando pedrigrees famosos ou cruzando cavalos de destaque, se não triarmos os melhores exemplares ou excluirmos aqueles com imperfeições ou detalhes que fogem ao padrão da raça. O genoma do cavalo é muito vasto, são carregados em sua bagagem genética, cromossomos indesejados e podem ocorrer mutações que levem a alterações morfológicas sem uma explicação pela descendencia obvia. Portanto, não é porque um cavalo é filho deste ou daquele animal que necessáriamente carregue fielmente a carga genética de seus progenitores, a seleção do fenótipo é fundamental, ainda mais em se tratando de uma raça tão jovem como a Mangalarga, onde tipos formadores, de outras raças,
ainda insistem em aflorar na morfologia de algun exemplares.
ABSINTO SM - DO CRIADOR SEBASTIÃO MALHEIROS
EXEMPLO DE SELEÇÃO DE BIO-TIPO IDEAL DA RAÇA - MUITOS À ÉPOCA CHEGARAM A CHAMAR ESSE CAVALO DE MESTIÇO, COMENTÁRIO ESSE, QUE CUSTOU A SAÍDA DESTE GRANDE CRIADOR DA ABCCRM, PORÉM HOJE SABEMOS DA IMPORTANCIA DO ABSINTO E DA TROPA DO SR. SEBASTIÃO MALHEIROS NA FORMAÇÃO DO MANGALARGA.

Não é raro vermos em pista ainda hoje, animais com altura e porte muito além do inicialmente preconizado pelo padrão racial, ou ainda animais com andamento inadequado e indole bem diferente dos antigos cavalos de Orlândia, estes ultimos, ótimos para o adestramento e ensino de rédeas. Não podemos esquecer que o Mangalarga é um cavalo de sela e esse padrão de animal exige a manutenção de alguns aspectos morfológicos e comportamentais já exaustivamente discutidos e amplamente divulgados nos livros da associação.
É por isso que só a seleção e a manutenção do rumo certo podem levar a consolidação e perpetuação de uma raça.


5 comentários:

Gilberto Diniz Junqueira disse...

é o edmundo diniz junqueira que criava muito bem e andava em tudo ,caçava um dia sim outro tambén,quando não caçava longe ia ensinar os cachorrinhos novos.
se o cavalo não prestasse era canivete na certa ,muito se fala da porcelana ter sangue extrangeiro mas é buriti e favairo que eram muito bons tb.
e aqui em Orlandia todos criavam burros (atividade muito importante ou até mais que cavalos) e oq não servia ia para produzir burro.
é por isso que mesmo usando bastante consanguinidade quase não temos mais genes letais ,a seleção foi bruta por aqui ,pode não ser sempre o mais bonito ou "da moda" mas aqui o canivete não fica guardado.
e muito dos nossos cavalos são testados ou exiladosa no mato grosso, quando volta um de lá é porque é bom mesmo.

PATRIOTA disse...

E no caso de vcs todo o esquema de criação já favoreçe surgir um animal mais funcional do que em outro lugar...
Vcs tem terreno, cultura e tropa para isso. Beleza é fácil de arrumar, o difícil é temperamento e funcionalidade, isso requer muito canivete mesmo!!!

Ricardo Imbassahy disse...

A magistral obra do Raul, Raízes Mangalarga, nos mostra, em fotos, que a raça sempre apresentou na sua evolução no tempo uma razoável diversidade em seu fenótipo e consequentemente em seu genótipo, diversidade essa que teve sua origem nos aportes de sangue exótico sobre aquela base ancestral oriunda do sul de Minas Gerais. Infusões essas anteriores ao próprio entendimento da raça mangalarga como raça, não me cabe aqui considerar se houve ou não aportes modernos de outros sangues, prefiro entender que não, já que considero ilógico alguém que queira se intitular criador promover mestiçagem em vez de seleção em seu plantel. Quero acreditar que num determinado momento familias dentro do mangalarga que possuíam uma maior concentração daquele sangue exótico, faço questão de ressaltar, anteriores a homologação da raça, se tornaram mais "valorizadas" por diversas razões e ocorreu a predominância de um determinado tipo e que por questões naturais de morfologia, que são hereditárias, aconteceu um desvio acentuado em função, seguramente houve evolução em tipo e morfologia, mas também houve com o excesso de consanguinidade desses animais uma perda de andamento e um aporte indesejável de altura para o que pode ser considerado um cavalo funcional. Esse é o ponto crucial que a associação tem que resolver, ou mantém a condução da raça a um tipo de cavalo de exposição apenas alto e bonito, mas sem função, ou retorna urgentemente a um tipo mais funcional mas evidentemente não abrindo mão de grandes conquistas em tipo que inegávelmente foram obtidas.

Ricardo Imbassahy disse...

Gilberto, o que falaram da criação do Malheiros foi uma grande covardia, a Porcelana é de 1920 uma época em que não havia uma raça formal. O que aconteceu posteriormente foi a utilização de conceitos zootécnicos equivocados, por influência que nós sabemos a quem de responsabilidade, que conduziram a raça ao limite do cadafalso na qual se encontra hoje. É muito bom saber que assim como vocês aí de Orlândia existem outros criadores da velha guarda que não são conhecidos da mídia por justamente não irem para as exposições que são os verdadeiros baluastres do mangalarga, são em vocês que repousa a possibilidade de se colocar o mangalarga nóvamente no trilho. Existe algo mais bonito que ver um Argentino, um Buriti, um Formigão, um Ventaneiro? Impossível... e o Galante M?

PATRIOTA disse...

Também acho Ricardo, a Mangalarga é uma raça muito nova e quando usou sangue estrangeiro, foi na sua criação. Mesmo a base do sul de Minas teve sua origem em alguma raça Bérbere ou Ibérica de tempos idos...Isso são águas passadas!!! O que importa agora é rumo certo na seleção e firmarmos os conceitos certos na cabeça dos juízes, evidemente, sem esqueçermos todo ganho morfológico já conseguido!!!Temos que juntar os conceitos do João Francisco com os do mestre Fausto Simões, mais ou menos como fez o J.O. ai o negócio vai pra frente!!! Obrigado pelos comentários.